A CULTURA BRASILEIRA EM TRADUÇÃO: UMA ANÁLISE DOS ITENS CULTURAIS EM BUDAPESTE

Autores

  • Fabiana Kanan Oliveira

Resumo

Budapeste, romance de Chico Buarque, foi publicado em 2003 e, desde então, tem sido traduzido para diversas línguas. Dentre as suas traduções, destaca-se a sua tradução para o inglês feita pela tradutora australiana Alison Entrekin e lançada em 2004. A narrativa de Budapeste é marcada por aspectos culturais e identitários, sempre considerados de grande dificuldade para a tradução. Um exemplo de marca da cultura brasileira encontrado é a presença de uma marcha de carnaval, um símbolo de tradição das festas de carnaval que acontecem por todo o país, que pontua a narrativa por quatro páginas. Outro tema importante tematizado na obra, também relacionado à cultura, é o processo de aprendizado de uma língua adicional e seus efeitos sobre o sujeito e sua identidade. Tomando esses elementos culturais como ponto de partida, e as referências culturais que os representam, o presente trabalho tem como objetivo oferecer uma proposta de análise de algumas palavras chamadas de “CSIs” por Aixelá, ou itens culturalmente específicos, do romance original e da sua tradução para o inglês com o intuito de comparar o tratamento dado às referências culturais presentes na narrativa em língua portuguesa. O foco do trabalho recai principalmente sobre como os elementos da cultura brasileira foram transpostos para a tradução, identificando as soluções tradutórias empregadas para esses itens e as possíveis implicações que essas soluções têm para a compreensão da cultura brasileira nessa tradução. A fim de atingir esses objetivos, o trabalho embasa-se em Aixelá e suas teorizações sobre os itens culturalmente específicos, principalmente quando ele afirma que esses itens não são permanentes, porque dependem da relação dinâmica entre culturas. As teorizações de Even-Zohar e sua teoria dos polissistemas são também essenciais para a análise aqui proposta, considerando que a literatura faz parte de um sistema cultural complexo no qual a tradução está inserida, fazendo com que ela tenha que se adequar às normas e convenções inerentes ao contexto de recepção. Também, a proposta de Venuti, que aponta dois tipos de estratégia para traduzir: a domesticação e a estrangeirização, em que a primeira determina fazer com que o texto traduzido seja lido o mais fluentemente possível o aproximando da cultura de chegada; e a segunda, envolve escolher um texto que obviamente não seja da cultura alvo e passível de interpretação das diferenças linguísticas e culturais na tradução. Assim, o trabalho tem por base o aporte teórico desses e de outros teóricos e pretende-se demonstrar a relevância da tradução enquanto uma prática social, cultural e historicamente situada no processo de difusão da literatura e da cultura do texto de partida, no caso, a língua portuguesa e a cultura brasileira. A proposta geral do presente trabalho é apresentar alguns itens culturais extraídos da obra original em português de Chico Buarque, Budapeste, e analisá-los na tradução de acordo com as categorias propostas por Aixelá. Para a compreensão integral desse processo envolvendo a tradução e as escolhas tradutórias, julgamos imprescindível levar em consideração os polissistemas envolvidos e a recepção que original e tradução tiveram. Espera-se com este trabalho contribuir com os estudos da tradução, mais precisamente com a área dos Estudos Culturais, e com a circulação da literatura brasileira contemporânea.

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Publicado

2017-09-27

Edição

Seção

Comunicações Longas Eixo Tradução, Transferência Cultural e Circulação