Traduzir é representar: interseções entre o nós e os outros a partir dos Relatos de Chungui: Violencia y Trazos de Memoria (2009), de Edilberto Jiménez

Autores

  • Kellen Hawena Pereira Sousa Universidade Federal da Bahia

Palavras-chave:

Tradução. Representação. Conflito Armado Interno do Peru. Sujeito andino.

Resumo

A partir de uma seleção de nove relatos pertencentes ao corpus Chungui: Violencia y trazos de memoria (2009), de Edilberto Jiménez, analisarei as estratégias de representações de um “nós” e de um “outros”, ambos participantes do contexto do Conflito Armado Interno do Peru (CAI), entre os anos de 1980 e 2000. Na obra, os relatos são apresentados em dois formatos: uma tradução interlingual em Língua Espanhola, e uma tradução intersemiótica em desenhos. Essas traduções dialogam entre si, ao mesmo tempo que se suplementam e apresentam um espaço em que os moradores de Chungui puderam ter um lugar de enunciação e representar-se a si próprios. Assim, o lugar do “nós” é ocupado pelos sobreviventes desse conflito, bem como o próprio Edilberto Jiménez, antropólogo, retablista e falante de Quéchua; que, ao envolver-se em alguns projetos políticos, vai até interiores de Ayacucho – onde o distrito de Chungui está localizado – recopila os testemunhos dos que vivenciaram e sobreviveram à guerra que colocou peruanos contra peruanos. O local dos “outros” é compreendido como as representações que em seus relatos os chunguinos fazem do Estado, do Partido Comunista Peruano – Sendero Luminoso e das Forças Armadas, que, nos relatos testemunhais posteriores ao CAI são mencionados como exteriores às vidas desses narradores e por esse motivo distanciam-se do “nós”. E as interseções são apreendidas no contexto violento do CAI, em que a precarização da vida desses moradores torna-se maior, a morte converte-se em algo banal e passível de acontecer a qualquer um.

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Publicado

2018-03-01

Edição

Seção

Tradução intersemiótica