Disputas e barreiras não-tarifárias no comércio agrícola: as exportações de carne bovina brasileira entre 2006 e 2015

Autores

  • Andressa Ramos Vieira Vale Economista pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)
  • Wellington Pereira Professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR)

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.2525-5584.2018v3n2.35434

Palavras-chave:

barreiras não-tarifárias, carne bovina, exportações, comércio agrícola, novo protecionismo

Resumo

O Brasil é o segundo maior produtor de carne bovina do mundo e lidera o ranking internacional dessas exportações desde 2008. Junto a outros países em desenvolvimento, as exportações brasileiras de produtos agropecuários também sofrem com práticas concorrenciais amparadas em barreiras não-tarifárias. O objetivo deste artigo é discutir as características do novo protecionismo e seus reflexos sobre o setor agroexportador brasileiro, destacando o caso da carne bovina. As barreiras comerciais têm dificultado a apropriação de ganhos de comércio pelas economias agroexportadoras. Para verificar os reflexos desse comportamento protecionista, analisou-se as exportações brasileiras de carne bovina para três importantes compradores (União Europeia, Rússia e Irã), de modo a também destacar suas respectivas peculiaridades. Os três casos examinados demonstraram as dificuldades que o Brasil tem para se ajustar às diferentes e voláteis exigências desses mercados. A adequação às exigências se tornou a melhor resposta a um sistema cada vez mais competitivo e dinâmico. Ademais, as “novas” práticas protecionistas são de difícil regulação, pois se confundem com a soberania das nações e com suas características econômicas, políticas e culturais.

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Biografia do Autor

Andressa Ramos Vieira Vale, Economista pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Economista pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Wellington Pereira, Professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Wellington Pereira possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) Júlio de Mesquita Filho (2003). É mestre em Desenvolvimento Econômico e doutor em Políticas Públicas pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Foi analista da área de planejamento no Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Em 2014 foi Visiting Scholar no Consortium for Science, Policy and Outcomes (CSPO) na Arizona State University (ASU), nos EUA. Atua com os seguintes temas: indústria, bicombustíveis, energias renováveis, comércio exterior, estrutura produtiva. 

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Publicado

2019-01-01