UMA BIOÉTICA AMPLIADA PARA A INCLUSÃO DE REFLEXÕES SOBRE QUESTÕES ANIMAIS E AMBIENTAIS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.1983-1579.2018v3n11.40172

Palavras-chave:

Animais, Bioética, Ecofeminismo, Educação, Natureza

Resumo

O presente artigo parte da ampliação do sentido do termo Bioética, buscando justificar na discussão sobre a ética vinculada às questões da vida a inclusão do problema do estatuto moral das vidas não humanas. Trata-se de pensar os problemas ambientais como parte da Bioética, visto que as diferentes vidas estão mais ou menos integradas e constituem um continuum de inter-relações e interdependências. Esse sentido de bioética permite pensar uma educação ambiental crítica na qual o indivíduo humano não se perceba como fora e acima do meio ambiente. A defesa desse sentido de Bioética passa por duas estratégias teóricas interconectadas: 1) a necessidade de desconstrução de dualismos hierárquicos de valor para que o indivíduo possa pensar-se enquanto sujeito inserido num meio ambiente não apenas cultural, mas também em alguma medida dependente de um mundo natural, em relação ao qual sua vida não se opõe; 2) a importância de incentivar novos modos de se relacionar com outras formas de vida de maneira não opressiva e destrutiva com o fim de dar sentido pleno a ideia de preservação da natureza. Nesse sentido, pretende-se realizar, a partir das contribuições do pensamento ecofeminista, uma crítica aos dualismos hierárquicos de valor que formam a base da visão de mundo patriarcal explorativa. O componente curricular de Bioética pode ser um espaço de conscientização no Ensino Superior acerca da necessidade de propor um novo lugar para o ser humano em relação a outras formas de vida.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Tânia Aparecida Kuhnen, Universidade Federal do Oeste da Bahia, Brasil.

Doutora em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Catarina e Professora Adjunta na Universidade Federal do Oeste da Bahia.

Referências

CUOMO, Chris. On Ecofeminist Philosophy. Ethics & The Environment, v. 7, n. 2, p. 1-12, 2002.

DALL’AGNOL, Darlei. Bioética: princípios morais e aplicações. Rio de Janeiro: DP&A, 2004.

___________, Darlei. Pressupostos metaéticos e normativos para uma nova Ética Ambiental. Revista Princípios, v. 14, n. 21, p. 67-82, jan./jun., 2007.

ENGELHARDT, JR., H. Tristam (Org.) Bioética global: o colapso do consenso. São Paulo: Paulinas, 2012.

GAARD, Greta. Ecofeminism and Wilderness. Environmental Ethics, v. 19, n. 1, p. 5-24, 1997.

GARRAFA, Volnei. Introdução à Bioética. Revista do Hospital Universitário / UFMA, v. 6, n. 2, p. 9-13, mai./ago., 2005.

HARLOW, Elisabeth M. The Human Face of Nature: Environmental Values and the Limits of Nonanthropocentrism. Environmental Ethics, v. 14, n. 1, p. 27-42, 1992.

HECK, José, N. Bioética: contexto histórico, desafios e responsabilidade. Revista Ethic@, Florianópolis, v. 4, n. 2, p.123-139, dez. 2005.

HOSS, Geni Maria. Fritz Jahr e o Imperativo Bioético: debate sobre o início da Bioética na Alemanha e sua importância em nível internacional. Revista Bioethikos, v. 7, n. 1, jan./mar. p. 84-86, 2013.

JAHR, Fritz. Ensaios em Bioética e Ética 1927-1947. Revista Bioethikos, v. 5, n. 3, p. 242-275, jul./set., 2011.

LOWER JR., Gerald M. Van Rensselaer Potter: A Memoriam. Cambridge Quarterly of Healthcare Ethics, v. 11, p. 329-330, out. 2002.

MATURANA, Humberto; VARELA, Francisco. A árvore do conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana. São Paulo: Palas Athena, 2001.

MERCHANT, Carolyn. The Death of Nature. In: ZIMMERMANN, Michael et al (Orgs.). Environmental Philosophy. Upper Saddle River: Prentice Hall, 1998, p. 277-290.

MIES, Maria. A necessidade de uma nova visão: a perspectiva da subsistência. In: SHIVA, V.; MIES, M. Ecofeminismo. Lisboa: Instituto Piaget, 1993b, p. 387-420.

______, Maria. O dilema do homem branco: a procura do que deve ser destruído. In: SHIVA, V.; MIES, M. Ecofeminismo. Lisboa: Instituto Piaget, 1993a, p. 175-212.

MIES, Maria; SHIVA, Vandana. Introdução: porque escrevemos este livro juntas. In: SHIVA, V.; MIES, M. Ecofeminismo. Lisboa: Instituto Piaget, 1993, p. 9-34.

OLIVEIRA, Fábio A. G. Responsabilidade individual frente às mudanças climáticas globais. Rio de Janeiro: Multifoco, 2015.

PESSINI, Leo. Bioética das instituições pioneiras: perspectivas nascentes aos desafios da contemporaneidade - I. Revista Brasileira de Bioética, v. 1, n. 2, p. 145-163, 2005.

_______, Leo. Bioética das instituições pioneiras: perspectivas nascentes aos desafios da contemporaneidade– II. Revista Brasileira de Bioética, v. 1, n. 3, p. 297-311, 2005a.

PHILLIPS, Mary; RUMENS, Nick. Introducing Contemporary Ecofeminism. In: PHILLIPS, M.; RUMENS, N. Contemporary Perspectives on Ecofeminism. London: Routledge, 2016, p. 1-16.

PLUMWOOD, Val. Feminism and the Mastery of Nature. Londres: Routledge, 1993.

__________, Val. Nature, Self, and Gender: Feminism, Environmental Philosophy, and the Critic of Rationalism. In: ZIMMERMAN, Michael et al (Orgs.) Environmental Philosophy. New York: Prentice Hall, 1998, p. 291-314.

SHIVA, Vandana. Descolonizar o Norte. In: SHIVA, V.; MIES, M. Ecofeminismo. Lisboa: Instituto Piaget, 1993a, p. 345-359.

______, Vandana. O conhecimento indígena das mulheres e a conversão da biodiversidade. In: SHIVA, V.; MIES, M. Ecofeminismo. Lisboa: Instituto Piaget, 1993c, p. 215-227.

______, Vandana. Reducionismo e regeneração: uma crise na ciência. In: SHIVA, V.; MIES, M. Ecofeminismo. Lisboa: Instituto Piaget, 1993b, p. 37-52.

SINGER, Peter. Ética prática. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

_______, Peter. Repensar la vida y la muerte: el derrumbe de nuestra ética tradicional. Barcelona: Paidós, 1997.

SINGER, Peter; MASON, Jim. A ética na alimentação. Rio de Janeiro: Campus, 2007.

TEIXEIRA, Michelle Cecille B. O ensino da Bioética. In: DIAS, Maria Clara (Org.). Bioética: fundamentos teóricos e aplicações. Curitiba: Appris, 2017, p. 243-261.

WARREN, Karen (Org.). Filosofías ecofeministas. Barcelona: Icaria, 1996.

_______, Karen. Ecofeminist Philosophy: A Western Perspective on What is and Why it Matters. Lanham: Rowman & Littlefield, 2000.

WHITEHOUSE, Peter J. Van Rensselaer Potter: An Intellectual Memoir. Cambridge Quarterly of Healthcare Ethics, v. 11, p. 331-334, out. 2002.

Downloads

Publicado

31-12-2018

Como Citar

KUHNEN, T. A. UMA BIOÉTICA AMPLIADA PARA A INCLUSÃO DE REFLEXÕES SOBRE QUESTÕES ANIMAIS E AMBIENTAIS. Revista Espaço do Currículo, [S. l.], v. 3, n. 11, 2018. DOI: 10.22478/ufpb.1983-1579.2018v3n11.40172. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/rec/article/view/ufpb.1983-1579.2018v3n11.40172. Acesso em: 28 mar. 2024.