Silêncio e (transformação dos) afetos: família, maternidade e luto em Dias de se fazer silêncio, de Camila Maccari
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1887-8214.2025v39n1.72964Palavras-chave:
Família, Maternidade, Luto, Camila MaccariResumo
Neste estudo, propomos analisar como as noções de família e de maternidade, bem como as manifestações do luto atravessam a subjetividade de Maria, personagem do romance Dias de se fazer silêncio, de Camila Maccari (2023). Para tanto, nos valemos das proposições de Studart (1980), Scavone (2001), Prado (2013), Butler (2023b), Suy (2022) e Iaconelli (2023). O enredo tem como foco as experiências de Maria, uma menina de onze anos, sua relação com a ausência da mãe e do pai, a doença terminal de Rui – seu irmão – e o sentimento de culpa por desejar e sentir aquilo que sente. A representação da maternidade, na narrativa, pode ser compreendida a partir das contribuições de Iaconelli (2024), como um dos laços importantes para que uma geração seja capaz de reproduzir corpos e, principalmente, sujeitos, mas não se resume ao que se passa entre uma mãe e seus/suas filhos/as. Nesse sentido, é possível vislumbrar, ao longo do romance, que o vínculo entre a protagonista e sua mãe é marcado pelo silenciamento compulsório, em meio às tarefas domésticas, atravessado pelo sentimento de luto vivenciado por ambas, mas de modo diverso. Dessa forma, ao tecer uma narrativa que toma maternidade e luto como matéria, Maccari (2023) busca representar as inúmeras maneiras e nuances de sentir.

