Os Impactos do trabalho infantil para o processo de escolarização de adolescentes
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.2527-1083.2025v12.72716Palavras-chave:
Trabalho infantil, Medidas Socioeducativas, EscolaridadeResumo
O artigo objetiva analisar as consequências da inserção precoce no trabalho para o processo de escolarização de adolescentes e jovens, que cumprem medidas socioeducativas de privação e restrição de liberdade em Unidades de Medidas Socioeducativas. Assim, trabalho infantil (TI) se refere a quaisquer atividades de trabalho realizadas por crianças ou adolescentes com idade inferior a 16 anos, salvo na condição de jovem aprendiz possível aos 14 anos de idade. O TI se constitui como uma violência, visto que viola os direitos fundamentais de crianças e adolescentes, por corromper a possibilidade de um desenvolvimento pleno para estes(as). Isso se deve pelas consequências que desencadeia para o desenvolvimento biopsicossocial como prejuízos na escolarização e o encarceramento em medidas socioeducativas de internação. Diante disso, este estudo se trata de uma pesquisa qualitativa descritiva-exploratória, em que participaram 116 adolescentes e jovens que responderam a dois questionários, um de triagem para identificar se haviam sido trabalhadores infantis e um de aprofundamento sobre condições socioeconômicas, características do trabalho infantil, relação trabalho infantil e escolaridade (ciclo atual, distorção idade-ano, evasão e defasagem). Os dados alcançados foram analisados a partir de estatísticas descritivas com o auxílio do software Statistical Package for the Social Science (SPSS). Os resultados mostraram que 100% dos que cumprem medidas socioeducativas de privação e restrição de liberdade foram trabalhadores infantis, 92,2% estavam em defasagem escolar com média de 4,46 anos de distorção idade-série, 75% evadiram da escola. Logo, confirma-se que há uma relação entre o trabalho infantil e o encarceramento em medidas socioeducativas de restrição e privação de liberdade. Assim como, observou-se que a inserção precoce em atividades de trabalho implica malefícios para o processo de escolaridade de crianças e adolescentes, em especial, de evasão escolar e defasagem escolar.
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