O FRACASSO DA NORMATIZAÇÃO
HISTERIA E SUBVERSÕES DO DISCURSO NO ROMANCE O HOMEM, DE ALUÍSIO AZEVEDO
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.2764-4251.2025.n1.74124Palavras-chave:
naturalismo, Aluísio Azevedo, histeria, normatizaçãoResumo
O naturalismo comumente é associado às teorias científicas como o darwinismo, determinismo e positivismo. De fato, elas estão presentes nas obras, mas esse mesmo discurso científico usado como instrumento de imposição ideológica pode, pelas mãos do narrador, ser subvertido. No romance O homem, de Aluísio Azevedo, a protagonista Magdá, jovem de família pequeno-burguesa, desenvolve um quadro de histeria a partir de uma desilusão amorosa. Conforme seu estado psíquico se agrava, fracassam as tentativas normatizadoras de controle da “doença” e aflora cada vez mais sua pulsão sexual, principalmente a partir do contato com “o homem” que dá título ao livro, o imigrante português trabalhador da pedreira de frente à sua casa. Partindo do pressuposto de que a neutralidade é algo inatingível, considerando as questões sociais, subjetivas e históricas dos indivíduos, este artigo visa analisar como processo de normatização imposto pelo conhecimento científico do período leva a protagonista à loucura, trazendo à tona uma crítica a esses mesmos conhecimentos ora defendidos pela estética naturalista.
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